22 de dezembro de 2012

Uma casa pra chamar de minha

Eu já fui extremamente enraizada...daquelas que dizem "daqui não saio, daqui ninguém me tira", sabe? Mas mudei muito com minha Milão-experience! Tô longe de ser uma cidadã do mundo, mas que abri a mente para mudanças, abri. Principalmente, abri a mente e o coração para o conceito de lar que tanto acalentei durante anos de minha vida.

Sempre pensei que lar fosse aquele lugar conhecido, habitual, rodeado das pessoas que sempre fizeram parte da minha vida. Isso é lar sim, mas existem outras formas de lares. Outros princípios, outras maneiras, outros critérios que fazem a gente chamar de "casa" o lugar em que estamos. E, ao invés de me sentir "traindo" minhas raízes, me sinto evoluindo. Como pessoa, como mulher, como mãe, como cidadã. Vivenciar o desconhecido, o nunca antes apreciado, o estranho, é algo tão intenso, tão profundo que realmente nos muda e essa mudança, sinto informar aos que não gostam dela, é definitiva. Mas, é definitiva até que novas mudanças aconteçam porque, uma vez aberta a porta...ah! Impossível fechá-la!

Todo esse papo é por causa de um post que o marido colocou no Facebook. Quem acompanha o blog já sabe que estou em Brasília, a cidade na qual fui criada, cresci, amadureci (ou não! rsrsrsrs). É aqui que vivem meus pais, minha irmã, sobrinhas, sogros, amigas de uma vida toda, amigas de uma parte da vida, colegas de trabalho. Aqui tive meus filhos e quase todas minhas referências de vida! 

Cheguei em Brasília uma semana antes do marido e, na hora de embarcar para vir nos encontrar, ele escreveu: "saindo de casa ou voltando pra casa?". Minha primeira reação foi tentar escolher uma das opções dadas por ele. E, foi aí que percebi o quanto mudei. Senti falta de mais uma ou duas opção: "nenhuma das alternativas anteriores" ou "as duas alternativas anteriores"! E fiquei pensando: por que precisamos classificar nossas experiências? Por que devemos categorizá-las? Por conforto mental? Emocional? Talvez porque o que é definido se torna mais conhecido e, assim, mais fácil de lidar. Será? Por que temos tanta dificuldade em aceitar o novo? 

E o novo, nosso caso, é que não pertencemos mais a um só lugar. Nossa casa é lá e cá! È così! Simples assim...ou complexo assim, como queiram. Pois, se respondo que ele está saindo de casa, excluo toda a experiência e emoções vividas em Brasília. Se respondo que está apenas voltando pra casa, excluo toda uma vida de desafios, conquistas e novidades vividas na Itália. Nossa vida se expandiu, nossa mente também e, porque não, nossa casa?

Depois do primeiro impulso em responder também de forma categórica, escrevi a seguinte mensagem pra ele: "NUNCA exclua qualquer parte da sua vida! Todos os momentos, pedaços e lugares são importantes e fazem quem você é hoje! Brasília é sim sua casa onde você passou muitos anos, cresceu, trabalhou! Mas, sua casa também é o Rio de Janeiro da sua infância. Sua casa é na Barra das suas férias, primos e avós. E Milão é a casa da sua maturidade e desprendimento. Não tente responder a essa pergunta, pois CASA é onde você pode e deve ser feliz. E feliz você foi e é em todos esses lugares!! Somos privilegiados por temos várias casas e, todas elas, repletas de memórias, emoções e vida!"

E você? Está saindo, voltando ou nenhuma das anteriores? 

5 comentários:

  1. Caramba Sheyla, esse post e PERFEITO! Eu acho que saimos E voltamos para casa pois sempre estamos acumulando experiencias. Ja pensou ter de escolher so um lugar? Nada disso! Somos pessoas multifacetadas e nada mais justo que aceitar nossa pkuralidade em todas as areas da vida! Post lindo mesmo! Beijos, feliz natale e ano novo! Fica com Deus!

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    1. Escolher um lugar só é para os fracos!! O negócio é ter um monte de lugar para chamara de seu! Rsrsrsrs Feliz Natal pra você também! E que sua vida seja mais cheia de surpresas em 2013!!

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  2. Eh verdade... Mandou bem, como sempre!!!

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  3. Ahh.,.. agora entendi... e me lembrei que vc tinha me falado que iam pra Brasilia... è verdade!
    Eu amei sua concepçao de "casa", è tambem aquilo em que eu acredito. Sempre me achei um pouco estranha porque ainda tenho um sentimento muito, muito gostoso das casas em que vivi momentos horrorosos com meu ex-marido. Eu me sentia meio culpada, achando que eu deveria odiar lembrar daqueles lugares, mas ao inves disso às vezes eu sinto uma saudade enorme daquelas casas...
    Agora eu entendo porque... acho que tudo que passei naquelas casas me fizeram mais forte, segura, madura... e odiar os lugares onde eu "diventei" isso seria como negar um pedaço de mim!
    Viva as nossas casas - Todas elas!
    Beeeijos e boas ferias!

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    1. Gisa! Que bom ver vc por aqui! Fez falta, sabia?! Estamos no Brasil, sim! Realmente, cada lugar, cada experiencia nos faz quem somos e, independentes de serem boas ou ruins, elas nos completam!! E sua filhota? Bjs

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