1 de novembro de 2013

Velho do sinal reencarnado

Há muitos anos tinha um senhorzinho que pedia esmola no sinal perto da minha casa. Todo dia, quando eu ia pra faculdade, lá estava ele. Uma barba imensa branca/amarelada e um cabelão comprido também branco. Engana-se quem acha que esse senhor era simpatiquinho e bonzinho. Ele era um terror. Ficava batendo em todas as janelas com os ossos dos dedos (faz um barulho muito alto!), balançava as mãos agitadamente pedindo dinheiro e, quem não dava nada a ele, ele xingava, gritando muito. Cena linda de se ver.... Eu sei, eu sei que a vida dele não era fácil, muito pelo contrário, devia ser cheia de limitações, falta de perspectiva, fome etc...

Por causa disso, eu decidi que, mesmo com esse comportamento agressivo, eu iria gostar do velho do sinal. Afinal, teríamos uma relação diária por anos...

Sempre arrumava uma moedinha pra ele. Ele pegava, olhava e saia reclamando....sempre! Teve um dia que, distraidamente, eu estava mudando o rádio e ele bateu tão forte na janela que me assustei de verdade. Vendo isso, você acha que ele sorriu ou coisa do gênero? Claro que não, saiu bufando e me xingando! Neste dia, nossa relação começou a mudar e comecei a ficar incomodada com o velho do sinal.

Resolvi que, no dia seguinte, ia mudar meu caminho. Fiz um mais distante que evitaria que eu encontrasse o tal senhor. Quando cheguei na outra quadra, quem estava no outro sinal? Maestro Zezinho, uma nota! O velho do sinal!!!!!! Mudou o ponto? Tem mais de um? São gêmeos?  Como assim? Levei minha cutucada diária na janela, dei uma moeda, ele me xingou. Aí, desisti dele. Resolvi que não daria mais moedas, pois independente do que eu fizesse, ele iria reclamar....

No dia seguinte, fui pelo caminho antigo. Lá estava ele, mudou de ponto de novo. Sério, comecei a achar que era pessoal. Quando ele cutucou a janela, já fiquei nervosa. Aquela mãozinha balançando...aí, meus sais. Me enchi de coragem e disse: Desculpe, hoje não tenho nada. Pense num velhinho irado! Saiu xingando, resmungando, abanando as mãos....

Depois desse dia, não o vi mais. Marido disse que eu havia matado o velho do sinal...passei anos me sentindo culpada até que um dia o encontrei num sinal beeeem distante! Liguei direto pro marido! "Não matei ele não!!! Tá vivinho da silva cutucando outras janelas!". E...nunca mais o vi.

Pois bem, estamos em Milão há quase 3 anos, a escola dos meus filhos mudou recentemente de lugar e tive que mudar meu caminho. Deixo as crianças na escola e, pra voltar pra casa, passo por uma ponte que no final tem um sinal. Estou eu tranquilamente checando as mensagens do celular quando escuto aquele barulho na janela do meu carro: toc, toc, toc! Na mesma hora pensei: "velho do sinal, é você? Em Milão?". Quando olhei, tinha um rapaz me oferecendo jornal. Agradeci, disse que não. Então, ele começou a balançar a mão nervosa pedindo moeda, igual ao velho do sinal! Eu estava sem nenhuma e disse que o ajudaria outro dia...fiquei acompanhando pelo espelho e, pra todos os outros carros, ele só ofereceu o jornal. Cheguei à conclusão que era o velho do sinal reencarnado e que, sim, é pessoal!!!!!












10 de setembro de 2013

Roma, sua linda

Vamos continuar os posts que hoje eu estou animada! 

Sexta-feira passada teve um coquetel em comemoração ao 7 setembro lá na Embaixada do Brasil em Roma. Eu fui quinta-feira de manhã com os pequenos (que ainda estão de férias! Vai durar para sempre essas férias, tenho certeza!), pois queria levá-los ao Musei Vaticani para mostrar a Capela Sistina a eles. Eles fizeram um trabalho de férias sobre artistas e um deles era o Michelangelo. Achei que seria bacana eles verem in loco o que viram nos livros. E já vou adiantando: eles adoraram!

Marido, como um verdadeiro gentleman, foi conosco às 8 da manhã para a a estação central de Milão para me ajudar com a mala e na localização do trem já que eu vim com esse defeito de fabricação: sem GPS interno! Eles nos deixou lá as 8:30 e seguiu para o trabalho. Eu e as crianças entramos no trem e depois de uma discussão gigantesca sobre quem sentaria ao lado da mamaãe e quem sentaria na janelinha, o trem partiu. Crianças dormindo pra todo lado. Consegui ler meu livro e 3 horas depois: Roma.  

Fomos a pé da estação para o hotel. Muito perto. Mas um sol...senegalês. Deixamos as malas no hotel e fomos almoçar. Depois, demos umas voltinhas até chegarmos no Monumento a Vittorio Emanuele e fomos para o museu. Não pegamos fila alguma, pois eu comprei os ingressos pelo site do museu. Melhor coisa que fiz. Entramos direto. Passamos pelo detector de metal e fomos a um guichê próprio para quem comprou on line. Zero fila. Entreguei meu papelzinho e recebi 3 ingressos. Simples assim. Ah! Havia comprado para as 15:00, mas entramos às 14:00 sem problema algum.

Lá dentro, compramos um livrinho sobre a Capela Sistina para nos auxiliar a entender tudo que iríamos ver. 

No museu existem 2 opções: passeio completo ou passeio curto. Fomos pelo curto, pois sabia que meus filhos não aguentariam o completo. A primeira vez que estive lá com o marido, passsamos bem umas 5 horas e não vimos tudo...a igreja actólica é, definitivamente, muito rica. São tantas obras de arte que, às vezes, tem uma na frente da outra por falta de espaço!!! Incrível.

No passeio curto vimos a parte do Egito (as crianças adoraram!). Dudu ficou impressionado com as múmias. Não parava de olhá-las e me perguntava tudo. Elas são de madeira? Não, filho, eram pessoas como nós...O que? Pessoa de verdade? Como faz pra ficar assim? Por que faziam isso? Ela vai levantar e andar?

Alem do Egito, passamos por alguns jardins, sala dos mapas e mais um montão de coisa. Os tetos são incríveis e as crianças já estavam atentas às obras e pinturas. Muito legal. Pra chegar à Capela Sistina foi quase 1h30. Estavam lotadas tanto a escada quanto a entrada, mas valeu a pena. Quando entramos: UAU! Foi assim que meus filhos reagiram! E apontavam e diziam: "Olha The Creation of Adam! The Final Judgment!". Gracinha demais!!

Lemos o livro, vimos o chão, as pinturas da parede e depois de mais ou menos 30 minutos, fomos embora. Estava muito quente e acho que se não fosse isso, eles teriam aguentado mais. Pena. Mas, valeu demais! Saí satisfeita.
















Saímos de lá e demos uma voltinha pela Piazza San Pietro. Linda demais. Aí, eu e Duda queríamos entrar no Coliseu. Dudu, não. Depois de uma longa discussão, resolvemos fazer o programa mais lógico de uma família em Roma, uma cidade cheia de coisas pra ver: fomos ao cinema ver Monsters University! 

Foi ótimo: ar condicionado, pipoca, M&M's. Programinha delícia. Saímos do cinema e fomos para o hotel nos arrumar para um jantar com uma família de amigos que moram em Roma. Marido conheceu a Denise quando ele estudou na Itália há anos atrás. Ela se casou com o Paolo, que é italiano, e eles tiveram 2 filhos lindos e educadíssimos: o André e a Martina. Nós não conhecíamos as crianças e foi um prazer reencontrar o casal que havia nos recebido tão bem uma vez em que eu e marido viemos à Itália de férias. 

Marido chegou tarde em Roma, mas a tempo de jantar conosco. Fui conhecer o Terraza Barberini, um restaurante delícia que faz a muzzarela de búfula mais gostosa que já comi. 


Novos amigos
Mas, e o coquetel? Foi no dia seguinte. na hora do almoço. Marido foi cedo trabalhar e eu fiquei arrumando a mala e as crianças. Perto do meio dia ele nos pegou no hotel. A festa era na Piazza Navona (LINDA!), no Pallazzo Pamphili. Quem passar pela piazza e vir uma bandeira do Brasil é lá mesmo que funciona a Embaixada brasileira. 









Bom, encontramos a Denise e o Paolo na porta e entramos. Que lugar lindo! Amei. E amei mais ainda a comida: pastel, coxinha, pão de queijo. Me acabei!! Ah! Tinha caipirinha e guaraná. Delícia. Quando a festa acabou, fomos embora para pegar o trem para voltar pra Milão. Antes, ainda demos uma passadinha no Pantheon e na Fontana di Trevi. Básico, né? 

Depois foi só trem e casa. Banho e cama. Amei o 7 de setembro! Será que vai ter de novo no ano que vem?

Geração saúde e colorida

No último final de semana teve a Color Run aqui em Milão. É uma corrida de 5 km, animadíssima, onde o menos importante é correr! O objetivo é se divertir!

Funciona assim: a cada quilômetro tem uma equipe jogando um pó colorido nos participantes. E, ao final, ao invés de medalha, ganha-se um saquinho de cor para o momento especial que eles chamam de color blast. Esse momento acontece de 15 em 15 minutos no palco principal. Depois de uma contagem regressiva, os participantes devem jogar o pó colorido pra cima. Forma uma nuvem de cor bem linda! 

É possível correr individualmente ou em grupos. Bebês, crianças, adultos, adolescentes, idosos, todos são muito bem vindos. Nós fechamos uma equipe: eu, marido, Duda e Dudu!

Marido que descobriu esse evento e nos inscreveu. Foram 10.000 pessoas e tudo aconteceu aqui pertinho de casa, no Estádio Sansiro.

Pela manhã, marido e Duda foram buscar nossos kits de corrida: bolsa, camiseta para os adultos, tatuagem, barrinha de proteína, boné. Às 16:00 fomos para o estádio, pois a corrida iniciava as 16:30. Diferente de todas as corridas que já vi, a partida acontecia de 5 em 5 minutos com grupos de 500 pessoas. Ou seja, quando estávamos chegando, tinha gente partindo. Destumultuou (existe isso?) e permitiu que as pessoas que resolveram participar de última hora (caso de uma amiga nossa) tivessem tempo de adquirir o kit lá mesmo.

Nós estávamos no 3o. grupo da partida. A cada grupo tinha uma contagem regressiva. Tudo muito animado. 

Foi a primeira corrida das crianças e decidimos fazer no ritmo deles. Levamos 55 minutos. No início, eles correram pra caramba, quase o primeiro quilometro todo, mas....a Duda quebrou! Tadinha. Começou a sentir dor de veado. Sabe aquela dorzinha na barriga, na lateral (não sei o nome técnico)? Ela exagerou no início e não parava de falar. Aí, era muito ar entrando = dor. Começamos a caminhar. No fim do primeiro quilometro tinha um corredor cheio de gente espirrando o pó colorido laranja. Corremos muito, mas são muitas pessoas jogando. Impossível sair limpo de lá. Meus filhos amaram.

Corremos mais um pouco, caminhamos mais um pouco, pó azul. Mais corridinha, mais caminhada, pó amarelo. Corre, caminha, pó rosa. Parada pra beber água. Parada pra conversar com uns brasileiro que chegaram há 2 semanas pra estudar em Milão durante 1 ano. Eles estavam com a bandeira do Brasil e nos emprestaram para fazermos uma foto em comemoração ao 7 de setembro.  Mais caminhada e quando vimos a linha de chegada, corremos de novo pra fingir que havíamos correndo o tempo todo! Foi ótimo! É pura diversão. Estresse zero. nada de cronômetro, baixar o tempo, acelerar no final. Nada. Dudu gostou tanto que me disse ontem: "mãe, eu amei a color run!".



Fila pra comprar o kit na hora


Bagunça organizada



Laranja

Azul

Amarelo

Rosa

Momento Independência ou Morte!

Tem lavagem a seco depois da corrida!

Preparação para o color blast






Muita água cor-de-rosa no banheiro aqui de casa!

Dia de Modelo

Com essas férias gigantescas das crianças, tivemos que rebolar para criarmos atividades diárias para distrair os pequenos. Até da piscina do condomínio eles enjoaram! Um dia, marido chamou a gente pra ir para o centro pra dar uma volta com eles, visitar o trabalho do papai e almoçarmos todos juntos. Deu quase certo.

Fui com as crianças por volta das 11. Foi fácil estacionar, pois Milão estava um verdadeiro deserto em agosto. Só turistas mesmo. Fomos para o trabalho do marido. As crianças adoram ir lá. E saímos para almoçar. Antes, demos uma passada no Castello Sforzesco. A cidade já está se preparando para a Expo 2015 há algum tempo, mas está mais real agora. Bandeirinhas pelo centro, esculturas gigantes. Bem bacana.


Chegamos no Castello e tinha um daqueles artista de rua que fazem retratos das pessoas. Duda já pedia um retrato desses há um tempão. Perguntamos e o senhor disse que levaria uns 20/30 minutos, no máximo e ainda fez um descontão se fizessemos das 2 crianças. Tudo combinado. Ele começou os trabalhos. Duda foi a primeira. Foi só ela sentar na cadeirinha e começou a juntar gente. Uma platéia. Ela ficou quietinha e adorou o resultado. Eu achei que ficou parecendo uma adolescente. A Duda no futuro. 





Dudu foi o segundo e...ai meus sais, como é difícil ele ficar parado! E ele tentou, mas era mais forte do que ele. Olhava pra baixo, arregalava os olhos, bocejava. Segundo o artista, a pintura não ficou melhor pois o bambino se mexia demais! Dudu também adorou o resultado e eu achei com muita carinha de neném. Eu acho que esse pintor capta a essência das pessoas e não a fisionomia. Duda é bem mocinha mesmo e Dudu bem bebezão! Pintor/Psicólogo só em Mlão!



Depois de mais de uma hora nessa atividade, marido teve que voltar para o trabalho e não pôde almoçar conosco...pena. Fui com as crianças para o Farinella, um restaurante muito gostosinho que tem lá no centro. Fica a dica pra quem passar por aqui. 


Meus modelos ficaram exaustos depois da atividade artística e demos só mais uma voltinha pelo centro. Delícia de dia. Retratos para a posteridade! 

O que vocês acharam dos retratos?