17 de janeiro de 2014

Desapego potência máxima



Eu desapareci, eu sei. Não dei explicações, nada. Mas, não tá fácil escrever este post, não. Já pensei mais de mil maneiras de escrevê-lo, mas nenhuma me agrada. A verdade? O bloguinho acabou...Pois é...è finito. 

O objetivo do È così era contar, pra família, amigos distantes e amigos que fiz durante esses quase 3 anos, o que estávamos vivendo na Itália, mas...o sonho acabou e já estamos em terras tupiniquins novamente e, desta vez, pra sempre! Eu sei, eu sei que não devemos dizer “nunca” e “sempre”, pois o futuro  a Deus pertence, mas o fato é que voltamos pra ficar! E aí, o blog perdeu o sentido, sabe?!

A mudança? Não foi fácil. Principalmente a parte emocional de todo o processo. A parte da ralação foi algo assombroso também. Foi tanto documento, tanta mala e tanta caixa que deu  medo algumas vezes. Mas, conseguimos e eu conto depois.

Ao mesmo tempo em que fiquei feliz de voltar, fiquei triste ao partir. Dual assim. No melhor estilo “tudo, ao mesmo tempo, agora”. Voltar para perto dos amigos, familiares, voltar a trabalhar, voltar pra terra da gente, não tem preço. Mas, é impossível não sofrer com as perdas e distanciamento natural dos amigos que lá ficaram, da casa, dos passeios que a Itália nos proporcionou. Deixa eu ver se consigo me explicar melhor:

Quando soube que mudaria pra Itália, era evidente que sentiria falta de tudo e todos por aqui, mas tínhamos prazo de validade na terra da pasta. Sabia que teria contato quase diário com a família e veria os amigos quando viéssemos de férias para o Brasil ou quando eles fossem nos visitar em Milão (o que aconteceu muuuito! Ainda bem!). Só que a volta é diferente. Eu não vou voltar tão cedo à Itália, talvez nem volte a Milão. E as pessoas que ficaram por lá? Talvez nunca mais as veja...e isso é real. E vou dizer uma coisa: sofri muito por isso! Justo eu, que me julgava a rainha do desapego, me vi aos prantos no pátio da escola dos meus filhos, no último dia de aula deles, abraçada a uma mãe que nem era tão minha amiga assim. Chorava copiosamente agarrada a uma camiseta com a foto de todos os amiguinhos dos meus filhos (presente que organizaram para as crianças! Lindo, diga-se de passagem). A mãe que me consolava dizia: “Calma. A gente ainda vai se ver um dia”, mas a verdade é que a chance de tornar a vê-la é minúscula, pra não dizer inexistente...só pra ter uma ideia, faz um mês e meio que voltamos e não tive nenhum contato com ela. Nada. Nem e-mail, nem whatsapp, nem sinal de fumaça. Cada uma cuidando da própria vida.

É claro que ainda troco mensagens com algumas pessoas.Tem as amigas brasileiras que enchem minha caixa de mensagens, comentários em fotos do facebook, dizendo que estão com saudades. Tem as amigas italianas que mandam notícias também. Rola um telefonema aqui e outro ali. Só. E a pergunta que não quer calar: até quando isso vai durar? Num bom italiano: Bo!
Deu pra entender agora? A ida para a Itália significava um até breve pra tudo que deixávamos no Brasil. A volta para o Brasil significou um adeus a tudo que vivemos na Itália.

Tá, tá bom, isso aqui tá quase virando um dramalhão mexicano, mas é como sinto. Sei que existem as lembranças, as fotos, as experiências...a Itália tá impregnada em mim e não vai sair, mas sinto falta. Já sinto falta das estações definidas, das possibilidades de viagens, da segurança da cidade, do transporte disponível para todos, do idioma cantado, das comidas maravilhosas, dos vinhos nacionais, de ter tempo para meus filhos. Estou tão saudosa que até dos vizinhos encrenqueiros e da minha micro vaga de garagem sinto falta! Era divertido.

Mas, agora é bola pra frente. As crianças já estão matriculadas na nova escola, eu já voltei ao trabalho, nossa casinha está quase pronta (resolvi destruir as paredes e pisos! Coisa de doido!)), marido tá menos estressado, a família tá feliz. Eu também. Saudade? Faz parte da vida e vou ter que lidar com ela. Perspectivas? As melhores possíveis!

A vocês que me acompanharam por aqui, meu muito obrigada pela paciência e companhia! Vou ainda colocar alguns posts da última viagem que fizemos (maravilhosa por sinal!) e contar da mudança, pois este blog é também um diário para os meus filhotes. Quero que eles tenham a possibilidade de ler o início, o meio e o final di nostra piccola vitta italiana. Depois? Não sei...quem sabe um blog sobre como tá difícil a vida no Brasil? Gargalhei.