28 de junho de 2011

Eu e o idioma

Eu amo o idioma italiano. Acho lindo e sonoramente agradável. Aprendê-lo tem sido um grande desafio. Algumas pessoas me dizem que para quem fala o português, é mais fácil, pois algumas palavras são exatamente iguais, mas tem um pequeno detalhe nesta colocação: como vou saber quando a palavra é igual e quando não é?!

Outro dia fui, com meu pai e minha mãe, à Leroy Merlin comprar rejunte para tapar uns buracos nas paredes lá de casa. Você sabe como é rejunte em italiano? Pois é, eu também não. A conversa que tive com o vendedor foi estranha, parecia coisa de bêbado.

Eu dizia beeeem devagar: BU RA CO.
O vendedor me olhava e dizia: Come?!
Eu: Io vorrei qualcosa per "ta pa re" un "bu ra co".
O vendedor: Non ho capito
Eu fazendo gestos com a mão como quem tapa um buraco na parede. Até que a criatura que estava me atendendo disse: Buco?!
Eu gritei feliz: Si, BUCO!!!! Come si dice qualcosa per (fazia o gesto de passando o rejunte) il buco??

Saí da loja com o rejunte, feliz e exausta. Haja conexão neural para comprar rejunte!!

Algumas palavras simplesmentes me encantam.

Quando li Comer Rezar Amar, a palavra escolhida pela escritora como a palavra dela era atraversiamo. É realmente linda, mas eu prefiro osserviamo, do verbo osservare (observar). Não que seja mais bonita que a do livro, mas tem mais a ver com minha fase de vida. Eu observo e absorvo tudo e isto é muito novo para mim que sou extremamente tagarela e gosto de dar a minha opinão sempre. Talvez, pelas novidades do que vivo quase diariamente na Itália ou por causa do meu vocabulário limitado, eu esteja numa fase mais de observar do que de comunicar.

Tenho uma professora maravilhosa de italiano que se chama Paola. Nos encontramos 2 vezes por semana, por 1,5 hora. E essas 3 horas semanais são especiais. Leio, escuto, anoto, repito. Me sinto uma criança aprendo a falar. Mas a Paola é uma incentivadora nata e isto facilita demais meu processo de aprendizagem. Tem dias que apenas conversamos, nada de gramática, nada de conjugar os verbos essere e avere. Quando falo conversamos, estou dizendo que eu utilizo recursos como sons, mãos, olhares, gestos, desenhos e algumas palavras. Ela, ao contrário, parla benissimo l'italiano. Claro!

Tem um momento que me sinto muito bem falando italiano: quando me comunico com as crianças que moram no nosso condomínio. Eles fazem perguntas básicas do tipo: Quantos anos tem a Duda e o Marcello? Onde vocês moravam? Se fala espanhol no Brasil? Onde vocês foram no final de semana? Vocês conhecem os jogadores de futebol? É impressionante, mas consigo responder a todas essas questões com facilidade. Mas é só chegar o pai ou mãe dessas criaturinhas que começa meu desespero...Eles falam rápido e utilizam palavras que meu cérebro não registra...lembra dos desenhos do Snoopy e Charlie Brown? O Charlie ia para a escola e a professora falava só: bla, bla, bla, bla.



É assim que me sinto! Mas, diferentemente da Patty Pimentinha, eu não durmo. Na verdade, eu me concentro e observo cada gesto, ouço com afinco cada palavra e conjugação verbal. E respondo com va benne, que cai bem em 99% das ocasiões.

Vou lançar um desafio para mim mesma: escrever um post em italiano até o final do ano. Aí, você vai me perguntar: e como vou entender o que está escrito? e eu te respondo: usa o google tradutor, oras! 

27 de junho de 2011

Milão?!

Como estamos no Brasil, temos encontrado muitos amigos e parentes e todos fazem a mesma pegunta: E aí, adaptados?

Eu sempre brinco que me adaptei no primeiro dia e, isso, é uma grande verdade.  Mas vou explicar a história direito.

Morar no exterior era um sonho/desafio de carreira para meu marido. Há alguns anos ele vinha falando nisso, o que me deixava ansiosa e até mal humorada. Explico. Sou capricorniana, terra é o meu nome. Gosto de preto e branco. Não sou aventureira e não tenho espírito cigano. Nasci em Belém, mas com 1 ano minha mãe foi transferida para Brasília e passei minha vida toda por aqui. Sou tradicionalista e tenho raízes. Sou tão tradicionalista que, quando viajamos para um lugar e eu gosto, no ano seguinte, eu volto. Isso mesmo: mesmo destino, mesmo hotel, mesmo período, mesma quantidade de dias. Foi assim com Ilhéus, depois Gramado, depois Porto de Galinhas, depois a Disney etc. Meu marido é o oposto (não dizem que os opostos se atraem?!), ele adora conhecer lugares novos e variar a rotina. Só não vou para Gramado todos os anos no Natal Luz porque ele se recusa! 

Pois bem, há uns 6 anos, mais ou menos, ele veio com esta história de tentar uma carreira no exterior já que a empresa em que trabalha possibilita isso. Eu tremi nas bases. Ele apenas me falou sobre essa vontade e eu passei 3 noites sem dormir! Os dias foram passando, eu engravidei e ele chegou com a bomba: E aí?! Topa ir para Ásia? Não preciso dizer que quase tive um surto e passei mais de uma semana sem dormir...agradeci a oferta e recusei. É muuuito longe de casa. 

Aí, as crianças nasceram e esse desejo dele adormeceu. A carreira dele tomou outros rumos por aqui e esse assunto desapareceu da nossa vida. No início do ano passado, o assunto voltou e com força total. Ele argumentou que seria uma oportunidade maravilhosa para as crianças e para nós dois também já que viver numa outra cultura, aprender novos idiomas, conhecer novos lugares enriquecem a vida de qualquer ser humano. Topei, mas disse que dependeria muito do lugar. Vieram algumas sondagens do tipo: Africa, se não me engano, Bolívia, México e outras. Alguns pouquíssimos amigos do trabalho acompanharam minha angústia.

O marido ligava e dizia: México? Eu corria para a internet, lia o que podia sobreo lugar, sempre encontrava coisas ótimas e coisas ruins (como qualquer lugar do mundo!) e dava meu veredito. Para todas, eu tinha algo contra que pesava muito na minha decisão. Até que, num certo dia, eu estava em uma reunião no meu trabalho e recebo um SMS com as seguinte palavra: MILÃO?

Gente, foi imediato e totalmente inusitado para meu perfil "não arredo o pé de onde moro". Respondi: Posso arrumar as malas? E ele com a tranquilidade de um Buda me responde: Ainda não.

Pronto, na minha escala de ansiedade que vai de 0 a 10, eu estava em 89! Parecia que ia mudar no dia seguinte. Não consegui me concentrar no trabalho, um desastre. Não sei o que me deu, mas ler Milão abriu minha mente para mil possibilidades: a chance de morar numa cidade que eu achava realmente bacana, morar na ITÁLIA (eu brinco que fui italiana na encarnação passada!!), aprender italiano (eu só sabia falar pizza e ferrari em italiano), ter a chance de acompanhar o crescimento e desenvolvimento dos meus filhos (esse foi o fator determinante já que eu sou  era uma mãe que passava entre 10/12 horas por dia por conta do trabalho...sentimento de culpa, a gente vê por aqui!).

Bom, Milão se tornou realidade, mas eu tinha realmente dúvidas se ia me adaptar ou não. O marido, eu tinha certeza de que se adaptaria facilmente e, para as crianças, isso era só uma questão de tempo.

Na empresa, eles proporcionam algo bem legal que facilita a adaptação das famílias em outros países: uma visita prévia! E eu e maridão fomos a Milão passar uma semana, escolher apartamento, conhecer escolas, conhecer a cidade etc. Gente, foi amor à primeira vista! Me apaixonei. Por tudo.

Quando voltamos a Brasília foi a vez da loucura da mudança. Vende coisa, doa coisa, joga coisa fora. Um ato de desprendimento que exigiu muita coragem. Marido foi 1 mês antes, pois precisava começar a trabalhar e queria deixar o apartamento o mais preparado possível para quando eu chegasse com as crianças, o que aconteceu em 07/02/2011.

Eu estava exausta neste dia, mas extremamente feliz. O marido estava mais ou menos adaptado (ele pegou muito frio quando chegou, estava sozinho, numa casa sem TV, internet e anoitecia às 16:30!), o apartamento já com alguns móveis, as crianças matriculadas na escola e eu estava com uma sensação de segurança e tranquilidade que eu não esperava/acreditava. Perecia que já era minha realidade há anos! Impressionante! Acho que deixei de ser capricorniana neste dia! Tivemos muitas dificuldades, ralamos muito - ainda ralamos muito! - mas eu não troco "minha nova vida" por nenhuma outra. As crianças demoraram para engrenar, mas estão se saindo muito bem. Marido gosta do trabalho, ajuda na casa, descobre lugares para conhecermos. Viajamos quando podemos (já repetimos alguns lugares, óbvio!). Mas, se alguém me pergunta: E aí, adaptados? Eu respondo: Claro, adaptadíssimos. E como poderia ser diferente?!

17 de junho de 2011

Sim, é doença

Quem me conhece pessoalmente sabe que eu tenho uma doença grave e incurável: sou disney maníaca. Isso mesmo! Sou alucinada por Orlando e tudo que cerca esta cidade maravilhosa. É tão forte o que sinto que Orlando se iguala ao chocolate na minha lista de prioridades e vêm depois, apenas, da minha família. Conseguiu entender o espaço que isso ocupa na minha vida?!

Agora, morando na Europa, vou ter chance de conhecer vários lugares lindos, únicos, repletos de cultura e história. Aliás, tenho uma lista de lugares que quero visitar: Áustria, Grécia, Turquia, Inglaterra, Espanha, França (lá tem a Disneyland Paris!), Alemanha etc, mas uma coisa não me saí da cabeça: quando vou voltar a Orlando??!!


Isso tudo é porque estou fazendo um roteiro de viagem para o meu sobrinho (ele é proibido de me chamar de tia em público, já que tem uns 26 anos e eu, com essa carinha de bebê, não posso ter sobrinho desta idade!). Ele vai com a namorada para lá e, enquanto passo horas pesquisando sobre Orlando na Internet, já quase convenci enlouqueci o marido!

Tá, eu sei que este post não tem nada a ver com o tema do blog!

15 de junho de 2011

Objetividade é o meu nome

Eu, agora, sou super objetiva.

Guto pediu para eu fazer uma troca no supermercado. Se fosse em português, eu teria dito:

- Bom dia! Tudo bem? Meu marido esteve aqui ontem à noite e comprou essa cera para sapatos azul, mas na verdade, ele queria preta. Sabe como é, ele sempre faz isso, pois está sempre com pressa e não lê direito os rótulos. Aí, sobra pra mim que tenho que vir trocar. É possível trocar? O que devo fazer? IH! Esqueci a nota, mas vc vai me ajudar, né?

Como não falo bem o italiano, foi assim que aconteceu:

- Buongiorno. Io vorrei cambiare per una nero.

Resultado: levei 1 minuto para efetuar a troca.

Viu?! Não saber o idioma, definitivamente, tem suas vantagens!

14 de junho de 2011

Ainda sobre futebol...

Realmente, o futebol faz parte da nossa rotina! Explico: moramos pertinho do Estádio de Sansiro / Giuseppe Meazza (o estádio, por incrível que pareça tem 2 nomes. Quando o Milan joga, ele é chamado de Sansiro, quando a Inter joga, o nome muda para Giuseppe Meazza. Isto acontece porque os 2 times dividem um só estádio, mas lá dentro, é tudo separado, até os vestiários) e quando tem partida, seja qual for o time, nossa rotina sofre abalos sísmicos! É tanta gente ao redor do condomínio que preferimos não sair em dia de jogo.

Cabem 80.000 pessoas no estádio, imagina o tamanho da confusão...mas tem uma coisa que é ótima: os times são rivais, mas o respeito às torcidas existe e a não existem brigas como, infelizmente, a gente vê no Brasil.

O Guto já foi assistir a algumas partidas. Eu e as crianças ainda vamos, com certeza. Mas já fizemos juntos um tour pelo estádio. Quer ver?!


Prineiro, entramos no Museo, onde existem os troféus e um pouco da história dos dois times rivais!



Depois, é possível brincar um pouco na sala de jogos virtuais. Olha a Duda e o Dudu num clássico do futebol italiano!



Depois, fomos para o campo. Passeamos pelo gramado, tribuna de honra e fomos aos vestiários.






Se foi o Milan que jogou, as entrevistas são feitas do lado direito nesta sala, se foi a Inter, as entrevistas são feitas do lado esquerdo. Ô rivalidade!! Olha aí, eu entrevistando a mais nova contratação do futebol italiano! O passe foi uma fortuna, beirou os 100 milhões de Euros!

Um passeio bacana, super indicado para que está na cidade e curte uma bolinha!

13 de junho de 2011

Sportv Repórter em Milão!

Acordamos às 04:45 da manhã, ainda sob efeito do fuso horário, e ligamos a TV para assistir ao um programa sobre Milão e o Futebol. É do SporTV Repórter que foi à Itália mostrar o que representa um clássico entre Milan e Inter e conhecer histórias de brasileiros que vivem no país. Muito bacana!


Segue o link:

http://glo.bo/lBIlYs

Só a título de informação, a família aqui torce para a Inter!

11 de junho de 2011

Andiamo in Brasile adesso!

Isso mesmo, férias no Brasil!!

Hora de rever os amigos, a família, comer farofa e feijão preto!! Hora de descansar e matar as saudades!

Mas não pense que o bloguinho tá de férias, não! Vou continuar postando e enchendo o saco dos meus poucos, mas fiéis leitores!!

Não, não tem brigadeiro!

A Denise mandou um comentário sobre a ausência de brigadeiros nas festas de crianças na Itália. Realmente, não tem brigadeiro, e só esse detalhe já torna a festa completamente diferente das festas brasileiras. Mas, na verdade, é quase TUDO diferente!

As festas não tem temas, não tem decoração, não tem muita comida e nem bebida, são super rápidas (1h30 a 2h), não tem lembrancinha, nem balões. Já fui a umas dez festinhas e o padrão foi sempre o mesmo. Só foi diferente quando fui a festas de brasileiros (e me acabei no brigadeiro!!) e uma que foi num castelo na hora do almoço. Sim, você leu certo: Castelo! Lindo! Chama Castelo de Montechiaro. É da família de um coleguinha da escola das crianças. Eu nunca tinha conhecido alguém que fosse dono de um castelo, mas estou na Itália, então, è cosi!


Vista do Castelo de Montechiaro

Bom, voltando as festas...o cardápio, normalmente, inclui batata chips, cheetos, pipoca e um bolo. Para beber, água, chá e refrigerante. Algumas variações podem ocorrer como o acréscimo de um pão com queijo e presunto ou com nutella. E só! Ah! Mas tem pró-seco na hora do bolo. Não sei ainda o motivo, mas em todas as festas que fui, serviram.

Diferentemente do Brasil em que as festas são para crianças e adultos, na Itália, as festas são exclusivamente para as crianças. Esta história de comemorar sábado e domingo para que todos possam ir é irrelevante para os italianos. Já fui a festas em plena segunda-feira, às 16:00!

Em Milão existem 952 (fiz uma pesquisa de mercado para chegar a este número! rsss) parques com brinquedos infláveis que possuem áreas reservadas para aniversários. A maioria dos aniversários que fui, foram nestes parques. Meus filhos adoram, pois brincam muito, mas sempre chegam em casa e dizem: Mãe, tô com fome! 

Uma coisa que eu adoro nos aniversários da Itália: pontualidade! Se a festa é às 16:00, numa terça-feira, pode ter certeza que às 16:05, 90% dos convidados já chegaram. Em Brasília, onde morávamos, se você marca para às 17:00, às 18:30 tem 15 gatos pingados!! E eu, como boa capricorniana que sou, sempre fui a primeira a chegar nos aniversários em Brasília. Sempre!! Eu ficava enrolando em casa, com as crianças prontas, decidida a me atrasar, mas conseguia a proeza de chegar apenas 10 ou 15 minutos após o horário marcado nos convites!! Então, agora, me sinto em casa!

Outra coisa diferente: o parabéns. Na Itália não se bate palmas enquanto se canta "Tanti Auguri a Te". Bate-se palma após a cantoria! Já dei vários furos e comecei a bater palmas na hora. Eu SEMPRE esqueço! 

Ah! Eles fazem uma coisa que eu acho arriscadíssima quando falamos de aniversariantes de 5, 6 anos de idade: eles abrem os presentes antes dos parabéns! Sim, @ aniversariante vai com os amigos para o "canto dos presentes" e abre um por um e diz se gostou ou não. Já vi uma menininha que devolveu um presente para uma coleguinha, pois ela já tinha um igual...tá bom, eu sei que criança é criança, mas para quem deu o presente é uma sensação ruim saber que a pessoa não gostou ou já possui aquilo, assim na lata!

Fora isso, o resto é igual: um monte de criança barulhenta se divertindo com os amigos!

8 de junho de 2011

Solo per i bambini

Acabei de voltar de um aniversário de um colega de classe das crianças...Sabe aquelas coisas que você só faz porque é mãe?! Acabei de fazer uma delas!

A festa era depois da escola, só que lá no centro. Quem conhece Milão sabe que a média de velocidade da cidade é 15 km/h, num dia bom. São milhares de semáforos no caminho e a engenharia de trânsito é inexistente: você está parad@ num sinal, ele abre, você anda e, 100 metros depois, você pára em outro sinal que acabou de ficar vermelho!! Não entendo...

Bom, como o trânsito é meio cruel, resolvi que iria de metrô com as crianças. A odisséia foi assim: paramos o carro numa garagem de uma estação do metrô, compramos as passagens e esperamos o trem, entramos e 3 paradas depois, o trem parou. Isso mesmo: PAROU! E avisaram que iria demorar e que devíamos todos descer. Imaginem todas as pessoas dentro de uma linha de metrô em Milão saindo das estações e procurando por táxis. Imaginou? Não sobraram táxis na sua imaginação, né?! Pois, na vida real também não...

Taxi aqui é coisa séria. Lembra aquelas cenas de filmes que o taxi passa, você chama e eles páram? Aqui não é assim, existem estacionamentos de taxis e eles não páram em outro lugar, só para deixar os passageiros...Como sou educada, capricorniana e sigo regras fui para um ponto de taxi, mas não havia nenhum...aí liguei para uma companhia de taxi que informou uma espera de 15 minutos. A fila estava imensa. Quando meu taxi chegou, haviam apenas 2 senhores na minha frente. O taxista falou meu nome e eu fui entrar quando um italiano chegou gritando: Bla, Bla, Bla, Are, Ere, Ire! Comecei a gritar (acho que fui italiana na encarnação passada!): IO HO CHIAMATO! CHIAMATO! E o italiano: Are, Ere, Ire...Eü: CHIAMATO! CHIAMATO! Eu gritava tanto que atingi um nível de comunicação que só os golfinhos entendem!

Depois do taxista ter explicado a situação, eu entrei no carro com as crianças e seguimos, a 15 km/h, até a tal festa. É claro que as crianças dormiram no caminho. Além disso, a mãe do aniversariante me ligou 2 vezes perguntando se eu estava chegando, pois queriam cantar os parabéns e só nós não havíamos chegado...definitivamente, ninguém merece! Só dizia pra ela: arrivo subito! arrivo subito!

Chegamos atrasados e as crianças quase dormiram durante a aula sobre dinossauros em italiano (era num laboratório de paleontologia!). Eram 2 professores explicando muitas coisas sobre dinossauros. Eu não entendi 80% do que eles falaram. Duda e Marcello devem ter entendido um pouco mais, mas era um bocejando e o outro me pedindo para ir embora, pois estava "muito chato"! Eu só disse: agora nós vamos ficar! Mãe malvada que eu sou, né?!

Só para você ter uma ideia, Duda é uma criança extremamente interessada em aprender coisas novas. Ela se empenha muito! Faz questão de participar, mas a aula era tão longa e complexa que ela fez diversas coisas em meia hora: arrumou o rabo de cavalo umas 10 vezes, contou quantos dedos tinha nas mãos umas 15 vezes, tampou e abriu os ouvidos com as mãos umas 20 vezes, bocejou umas 30, fez dancinha com os pés umas 50 vezes...um exemplo de concentração!

Depois de 30 minutos de aula, eles foram para a parte prática que durou, exatamente, 10 minutos! Pelo menos, dessa parte eles gostaram...colaram osso no dino e depois fizeram uma escavação.




Por sinal, a parte da escavação foi ótima. Um dos professores ensina como vai funcionar e o outro fica de olho para ver se as crianças vão fazer certo (acho que é essa a função dele!). Uma das regras era não colocar a mãozinha na areia até a "brincadeira" começar. Olhe bem para a foto acima, você consegue ver uma mão na areia? Não?! Vou colocar mais de perto.



Não conseguiu ver? Mais de perto...


Aí está o Marcello, literalmente, com a mão na massa! Esta "desobediência" valeu 3 advertências ao moleque! Tinham 20 crianças e o professor só sabia o nome de 2: do aniversariante e do Marcello! Ele falou 3 vezes: Marcello, basta!

Esse aniversário, definitivamente, não foi como mastercard:
Horas para se chegar na festa: 2
Horas ouvindo aula: 0,5
Horas se divertindo: 0,1

Aniversário educativo, a gente vê por aqui!

7 de junho de 2011

Io parlo bene italiano e inglese, ma sono portuguese

No idioma italiano não existem palavras terminadas em consoantes. Todas terminam em vogais. Palavras que terminam em consoantes são estrangeiras.

Marcello sacou isso muito rápido e, na sua criação de um portuliano legítimo, ele usa e abusa de uma técnica fantástica: acrescentar vogal no final de qualquer palavra em português! É ótimo vê-lo em ação!

O que ele quer perguntar: Você tem irmã?
Como seria em italiano: Tu hai una sorella?
No portuliano do Marcello: Tu tene una sorella?
Como ele ainda troca o "r" pelo "l" ainda piora: Tu tene una solella?

O que ele quer perguntar: Você é brasileiro?
Como seria em italiano: Tu sei brasiliano?
No portuliano do Marcello: Tu sere portuguese?
TRocando o "r": Tu sele portuguese?

E assim vai...com ele não tem esse negócio de vergonha e ele não tem medo de errar, fala do jeito que dá e é super sociável! Fala com todo mundo! Só que de vez em quando, vejo um(a) italianinho(a) com cara de o que será que esse brasileiro tá tentando dizer?!

Meu filhote é tão comunicativo que estava conversando com um amiguinho na escola que havia perguntado se ele falava em inglês ou italiano. Sabe o que ele respondeu?! "Io parlo bene italiano e inglese, ma 'solo portuguese'" (ele queria dizer que é brasileiro, mas falou português!).

Já é "trilingue" meu moleque!!

6 de junho de 2011

San Marino! Non é bella, è bellissima!

Passamos o domingo em San Marino, a República mais antiga do mundo! E olha, vou te falar uma coisa, é MARAVILHOSA!

É uma cidade que fica em cima do morro com 30.000 habitantes (segundo a moça da lojinha que vende imã de geladeira! Ah! E eu não tive tempo de olhar no google!!)

Já comecei a enlouquecer quando vi a pontinha do castelo no alto do morro!!


Imagina minha quase histeria quando cheguei dentro dos muros do antigo Castelo.


E aí, a brincadeira é assim: você sobe, sobe, sobe nas ladeiras, encontra uma igreja, muitas lojas e desce, desce, desce, encontra um museu, mais lojas, restaurantes, sobe, sobe, sobe e desce, desce, desce e passa o dia todo assim! Eu adorei!!





Lindo, né?!

Não sei quanto a vocês, mas uma coisa que me preocupa muito nas viagens com meus pequenos é o tal do banheiro...será que tem? será que é limpo? Pois é, em San Marino, tem e é limpo. Fomos a um banheiro que, se não tivesse uma pessoa na minha frente para eu imitar, teria sido um mico gigante. A pessoa da sua frente saí e a porta se fecha automaticamente. Você põe a moedinha de 50 centavos e começa a mágica! Uma luz amarela acende com um aviso de aguarde, aí você ouve barulhos de jatos d'água, depois um vento forte, depois a luz fica verde e a porta se abre e, tchan tchan tchan, tá tudo limpo lá dentro. É um banheiro que se auto-limpante (sei lá se este termo existe!!). Queria um desse aqui em casa! Um primor de limpeza e mordomia!

Bom, voltando para a parte cultural do post (esse papo de banheiro já cansou, né?!), San Marino é linda, charmosa, um alimento para a alma. Com certeza, voltamos para casa mais leves e felizes depois de conhecer um lugar tão especial!



Na volta para Milão, mais 6 horas de engarrafamento, mas depois de San Marino, nem sentimos!!

5 de junho de 2011

Glazie!!

Fui fazer compras na ruazinha do comércio de Rimini e entrei numa loja de chineses. Já fui recebida com um "buena sela". Ri baixinho. Comprei um vestidinho para Duda, uma sunga para o Marcello e, depois de pagar, recebi um "glazie". Gargalhei. Chinês falando italiano é igual ao cebolinha!!

Noi siamo andati a Rimini!

Pois é, feriadão na Itália, maridão tirou um abono e fomos conhecer Rimini. Amei!

É uma cidade de praia que fica na região da Emilia Romagna, ou seja, banhada pelo Adriático.

Fica a 350 km de Milão, mas como foi feriado na quinta, com sexta enforcada, todos os italianos foram para Rimini! Demoramos 6 horas para chegar, Sente o drama da estrada:


São 5 pistas totalmente paradas!!

Mas valeu cada minuto, pois Rimini é um encanto! Praia enorme, com areia. Lembra muito as nossas praias do Brasil, uma mistura de Cabo Frio e Guarapari, mas com o charme Europeu.

São milhares de barracas espalhadas para você escolher e aproveitar a estutura que oferecem. Ficamos na numero 58. Alugamos, por 3 dias, barraca com cadeiras e tínhamos acesso ao mar, ao parque para as crianças, às duchas de água doce, banheiros e vestiários. Ótima relação custo X benefício.



Olha a quantidade de barraquinhas para alugar e essas são só da 58. Por esta foto, dá para ter uma noção do tamanho da praia!


Olha o Adriático aí! A vista é linda, as ondas pequenas e é preciso andar um pouco para o mar ficar fundo, o que o torna ideal para crianças.

Além disso, eles montam vários ambientes para crianças o que permite aos pais descansarem um pouquinho. Este era o parque da nossa barraca:



Depois de um dia de praia, só um banho de banheira para tirar toda a areia da Duda e do Marcello!


Jantamos num restaurante brasileiro, chamado Terrasamba, na beira da praia. O cardápio: churrasco e feijoada!! Imagina o estrago...estávamos a 5 meses sem ver feijão preto e quase aplaudimos quando o prato chegou. No Terrasamba, só toca música brasileira e tem um garçon/churrasqueiro que é uma figura: o Ari. O cara mora há 12 anos na Europa (já passou por Portugual, Londres e, agora, Itália) e odeia tudo e todos. Uma figura que merece um post só para ele!


Me diz: dá vontade de voltar?! Não, né?!

Mini-férias perfeitas, a gente vê por aqui!!