18 de outubro de 2011

Era uma vez uma amiga...

O nosso condomínio tem uma característica interessante: várias famílias se formaram aqui dentro e se perpetuaram e os filhos e netos também vieram morar por aqui, numa relação extremamente simbiótica!

Tem uma moça que eu conheci logo que cheguei. Como ela fala inglês, foi fácil e natural nossa aproximaçã,o já que falar italiano ainda era um sonho distante no início do ano. Ela cresceu aqui, namorou e casou com um cara que também tinha a família toda daqui. Casaram e foram morar em outro condomínio. Pertinho, mas um condomínio diferente. Como a mãe dela e a irmã ainda moram no nosso condomínio, ela vinha todos os dias com os filhos (ela tem um menino de 9 anos e uma menina de 6 que estudavam na mesma escola dos meus filhos) e ficava a tarde toda até escurecer.... Aí, ela resolveu voltar pra cá. Comprou um apartamento em abril e começou a reformá-lo para mudar em setembro. Hoje, ela é a minha vizinha do andar de baixo.

Ela é uma pessoa super comunicativa e me ajudou muito no começo da minha vida italiana. Me levou para conhecer a academia, me ligava para saber se eu precisava de alguma coisa, mandava mensagens no celular, ou seja, uma amiga em potencial!

Em abril, as nossas crianças tiveram uma semana de férias na escola e ela me ligou para levarmos, na quarta-feira, os quatro para brincarem num parque que fica a 40 km de Milão. Topei na hora. Na terça-feira, mandei uma mensagem para combinarmos a saída do dia seguinte. Ela não respondeu. No final da tarde, estava saindo com meus filhos para levá-los na casa de uma amiguinha, quando encontrei com a vizinha no hall de entrada do prédio. Falei para ela que havia enviado uma mensagem para combinarmos o passeio. Ela me respondeu dizendo o seguinte:

- Eu vi sim, mas esqueci de te falar que amanhã será o aniversário da minha filha, ela vai fazer 6 anos. E eu vou fazer uma festa para ela. Como vocês vão para o parque, não vão poder ir na festa, né? (Ela falou em italiano...a tradução é por minha conta)

Hello?! Ela havia me convidado para ir ao parque no dia da festa de aniversário da filha? E ainda fingiu que me convidou e fui eu que resolvi ir ao parque no dia da festa? Ou eu estava louca ou ela tinha problemas sérios de memória...Não que ela tivesse qualquer obrigação de nos convidar. A festa é dela e ela chama quem quiser, só achei estranha a situação que ela criou...

Na verdade, além de achar estranho, fiquei  um pouco chateada, mas não me fiz de rogada. Fui ao parque com meus pequenos e nos divertimos muito! O afastamento dessa vizinha foi natural depois do episódio.

Meses depois, conversando com outra viznha, fiquei sabendo que a vizinha desmemoriada tem, na verdade, um problema emocional e que tem momentos em que é simpática e atenciosa com todos e, em outros não cumprimenta ninguém. Ah! Tá bom! Entendi a situação, mas não concordo. Vi que não era uma coisa pessoal, mas não consegui me reaproximar. Algum problema meu, talvez....

Bom, depois de meses de reforma do apartamento, ela finalmente se mudou. E voltou a ser simpática.

Na semana passada, estávamos eu e meus filhotes chegando da escola e a encontramos no elevador. Ela, a pessoa mais simpática do mundo naquele momento, nos convidou para conhecer o apartamento novo. Concordei, pois acho que todos merecemos segundas chances. Mas, gente....deu tudo errado.

O apartamento tá lindo. É grande, o piso é belo, ela reformou os banheiros. Tudo muito bacana. Mas, naquele dia, eu estava atacada e só dei vexame.

Vexame 1:

Ela disse que tinha passado o dia todo limpando os vidros. Marcello, rapidamente, peguntou:

- Esse vidro?

E colocou as duas mãozinhas suadas e sujas no vidro limpinho....a vizinha deu um gritinho: Cuidado, Marcello, eu acabei de limpar. Ele tirou as mãos e ficaram as 2 marquinhas certinhas com 10 dedinhos cada!

Vexame 2:

Estávamos na sala e tinha uma estante bem bonita. Me virei e perguntei:

- Ma che bello. È di Mondo Convenienza?

Ela me olhou com uma cara...parecia que eu tinha perguntado se ela havia comprado nas Casas Bahia. Ela só me respondeu;

- Não, Cara. Questo è di un altro livello! 

Eu só consegui dizer que acho que o Mondo Convenienza deve copiar os móveis das lojas de nível superior, pois eu havia visto um parecido lá, mas que olhando bem, dá pra ver que o dela é muuuuito melhor.

Neste momento, eu já queria abrir a janela com as marcas das mãos do Dudu e pular, mas ainda tinha que ter mais....

Vexame 3:

Falei que o apartamento estava lindo e ela disse que ainda tinha muito o que fazer. Aí, ao invés de ficar calada, resolvi ser uma pessoa prestativa e simpática e disse que se ela precisasse de ajuda bastava me chamar e que eu era muito boa na faxina. Aí, ela disse:

- Ma, Sheyla. La casa è pulita. Noi abbiamo fatto la pulizia oggi!

Terror! Tenho certeza de que a minha expressão era de terror! Chamei a casa da vizinha de suja, que ela compra móveis de qualidade duvidosa e Dudu ainda deixou uma marca nos vidros que estavam limpos.

Agora, eu acho que a amizade foi pelo ralo mesmo....

3 comentários:

  1. Não gostei dessa vizinha desde que a conheci. Ela fazia questão de fazer de contas que eu não estava por perto, para não me cumprimentar. E decidi, como ela não paga minhas contas, bolas para ela. Passei a ignorar a figura. Fazia também questão de nem olhar para o lado que ela estava.
    Ninguém merece ter essa Ana como amiga...

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Sheila tô aqui rindo horrores... já sabia da primeira parte da história mas esses vexames recentes realmente me dão a impressão de terem selado a amizade com chave de ouro. Bjos e não perca seu tempo com a amiga bi-polar!

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