6 de fevereiro de 2012

A Fazenda

Não, não é reality show. Aliás, nunca nem assisti ao programa com esse nome e acho que nunca vou assistir. Minha fase reality acabou há uns 4 anos...

É que passamos o final de semana na fazenda do meu sogro que fica a uma hora de Brasília. Foi muito divertido e as crianças se acabaram de tanto brincar. Duda não queria voltar! Passavam o dia inteirinho livres, leves e soltos com os amiguinhos que moram por lá, correndo, nadando, andando a cavalo (sozinhos!), brincando. Realmente, esse tipo de ambiente é ótimo para eles. O contato com a natureza é um privilégio para poucos nos dias de hoje e isso é excelente para criarmos filhos ambientalmente responsáveis. 





Eu também me divirto, mas minha vida por lá é um pouco, digamos, limitada. Explico: eu sou uma pessoa urbana, nem um pouco rural e não muito ligada a essas coisas bucólicas. Gosto de cidades, asfalto, luzes, bichinhos domésticos. Tenho problemas sérios com mato, terra e bichos fora de controle. Não vou achar natural nunca um besouro gigante sobrevoar a minha cabeça, bater na parede e cair aos meus pés. Sem chance.

Eu vou a fazenda desde que conheci o Guto. Ele é engenheiro agrônomo e aquilo ali é o paraíso particular dele. Chega, pega um cavalo, põe uma roupa de gosto duvidoso e fica em êxtase! Eu sempre tentei achar o meu espaço por ali, mas vou confessar, é difícil. Minha primeira tentativa de uma interação produtiva foi frustrante. Decidi que ia começar a plantar árvores frutíferas. Pesquisei, fui a uma loja, comprei sementes, balde, pá, luva. Falei com ele que me incentivou pra caramba. Cheguei na fazenda, arregacei as mangas e na primeira escavada, uma minhoca pulou na minha mão!!! Na MINHA mão!!!! Esqueci que na terra tem bichinhos....Minha experiência acabou ali, na primeira escavada...Sou, definitivamente, um desastre naquele ambiente.

Uma coisa que eu adorava fazer era alimentar os patos e as galinhas. Enchia um balde com milho e chamava todo mundo, mas tinham uns gansos mais assanhados que vinham voando na minha direção....aí, eram gritos de pavor! Desisti da alimentação também.

Outra tentativa frustrada de adaptação foi com relação aos cavalos. Andei com o Guto a primeira vez e foi muito divertido. Corremos, passeamos muito. Também, era ele que estava dirigindo o bicho. Depois, foi a minha vez de ir sozinha. O cavalo só ia para aonde ele queria. Aliás, não lembro muito do cavalo saindo do lugar. Guto sempre tentou me explicar que é a gente que comanda o bicho, mas eu tenho sérias dúvidas acerca dessa afirmativa.

Marido tentou me levar para pescar. Já sabe o resultado, né? Não cheguei perto da isca, não tirei o peixe do anzol e morri de pena dos bichinhos. Aliás, por falar em peixes, me lembrei da primeira vez em que fui à fazenda. Eu namorava o Guto há um mês e fomos em um grupo de 5 casais. Pessoas que eu mal conhecia. Num fim de tarde, ele chamou a mim e outro casal (a Débora e o Amilcar) para irmos a um riacho perto da casa dar comida aos peixes. Me enganou dizendo que seria divertido. Fomos os quatro, atravessamos um matagal de mais de um metro de altura e chegamos perto do tal riacho. Ele jogava a comidinha e dizia empolgado: Olha o tanto de peixe! Eu não via nada...nada! De repente, um barulho começa lá por perto. Coach, coach, coach! Perguntei ingenuamente o que era. A resposta? São sapos, oras! Sapos! Pânico! Pavor! Terror! Eu só havia trocado umas 5 palavras com a Débora até aquele momento, mas me agarrei nela como quem se agarra num pedaço de madeira depois de um naufrágio. Gente, eu tremia e minha vontade de sair de lá se tornou insuportável. Mas, estava começando o namoro...Guto tão empolgado por eu estar ali....aguentei e o braço da Débora deve se lembrar até hoje de mim!

Eu tentei tudo: coelhos, pintinhos, gatinhos, cachorros, bezerros. Meu sogro, coitado, já me deu de presente vaca, bezerro, égua. Acho que já tive até um porco! Nada. Adoro saber que meus bichinhos estão ali, mas ir até lá, dar comida, pisar no cocô das vaquinhas, entrar no chiqueiro...não é a minha praia.

Tive a minha fase de filmes. Como sair da casa era um grande desafio, passávamos na locadora de vídeos antes de ir e eu escolhia uns 5 ou 6 filmes para o final de semana. Nunca fui tão atualizada com as obras cinematográficas. Tive a minha fase dos livros. Li muito na fazenda! De tudo um pouco. Me tornei mais culta por causa dela! ha, ha 

Bom, acontece que a minha fazenda começou a se resumir a casa e ao que existe ao redor dela: um gramado, uma piscina e um quiosque.

Depois que as crianças nasceram, achei que eu fosse ficar mais corajosa. Corajosa por elas. Engano. Eu finjo que aquilo é natural para que elas não tenham medo das coisas, mas pra mim, não é. Duda começou a gritar outro dia por causa de um besouro maluco que dava rasantes nas nossas cabeças. Eu, tranquilamente, disse a ela que o besouro era um bichinho bem tolinho, pois voava, voava, batia com a cabeça na parede, caia emborcado no chão e não conseguia se desvirar sozinho. Em resumo, um mané. Ela aceitou a explicação. Eu, não. Quando vejo um, me dá vontade de gritar!

O que eu gosto na fazenda é dos programas que poderíamos fazer na cidade: churrasco, jogo de cartas, sentar e conversar, festa junina, natal com o pessoal que mora por lá. Isso me deixa muito contente.

Aí, vocês podem se perguntar por que eu continuo indo. E eu respondo com facilidade: por que a fazenda, para mim, é sinônimo de família. E família....não se abandona! Seja ela com bicho ou sem bicho! Aliás, acho muito válido que os padres acrescentem na hora do casamento: Você, aceita fulano...e promete ser fiel, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza....na cidade e na fazenda, até que a morte os separe? SIM! 

8 comentários:

  1. Me diverti lendo!! kkkkk
    Sou igualzinha, super cidade! Meu pais sempre queriam ir para a chácara e eu odiava, gostava no máximo da piscina mas ficava em pânico com os bichos, principalmente os besouros!!!

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  2. Pra variar, muito bom!
    Tb não sou o "campo" e nunca me esforcei para fazer amizade com os bichinhos...
    Vc está de parabéns pelas suas tentativas e pelo lindo final do texto.

    Bjs
    Cinthia

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  3. Sei bem o que é isso, aliás te entendo perfeitamente...
    Pelo menos agora você tem que passar por isso uma vez ao ano, enquanto eu...........

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  4. AMEI!!!!! Não tenho esse pânico em relação aos insetos, mas não gosto do ar do campo... gosto de asfalto e cimento! Muito bom!!!

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  5. Você está sendo injusta consigo mesma. Se eu não me engano você andou até secando uns pintinhos com secador de cabelo, para não morrerem. hahaha

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    1. Tine, como vc lembrou disso? Realmente, salvei alguns pintos que se molharam. passei horas secando os bichinhos. Eu sou muito legal mesmo! bj

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  6. Eu tbm lembro dos coelhos (Nhac e ... nao lembro o outro) e de um pato que vc nao deixou seu sogro matar pra comer. Mas te entendo mto, fazenda nao é a minha praia. Gosto de poluição, prédio, buzina, essas coisas...

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    1. Paola! Realmente, ainda tivemos a Nhac e o Shrup! Os coelhos que compramos num quebra mola e eu não deixei ficarem na fazenda. Passaram 3 meses no nosso apartamento em Brasília. Até que o xixi deles começou a corroer o sinteco! kkkkkk Ah! E bicho amigo meu eu não como até hj! Brigo muito com meu sogro por causa dessas coisas!! bj

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